4 de jul. de 2008

A escritora alagoana, Maria do Socorro Ricardo, expressa suas impressões literárias aos intelectuais de Santana do Ipanema-AL. Na mesa, o jornalista Fernando Valões, o Secretário de Educação de Olho D’Água das Flores, Professor Inon, o escritor olhodagüense Antonio Machado e o professor da UFAL, escritor Araújo.






ENSAIO DA ESCRITORA MARIA DO SOCORRO RICARDO SOBRE
A HISTÓRIA DO JORNALISMO EM SANTANA DO IPANEMA-AL




Muitas são as versões da história do jornalismo – esta criação de quem um dia se propôs a noticiar os fatos de seu mundo. A história do jornalismo é a história da comunicação desde a pré-notícia com sinais de fumaça até os veículos multimidiáticos atuais. Como se propagam as informações? Hoje, a notícia espalha-se num piscar; Brasil acessa o acontecimento on-line em Portugal e vice-versa; o que ocorre agora no outro lado, o mundo virtual, dificilmente, desconhece; pós-Escola de Sagres, pós-caravelas e pós-descobrimentos e colonizações. O mundo é outro. É o que se deslumbra a cada semana, a cada dia.

Antes vinha da literatura francesa, Júlio Verne a imaginar, em suas belas ficções científicas de Raio Verde (está no filme Piratas do Caribe, parte III, o raio verde). Hoje vem da internet. A comunicação e exploração aos mais inimagináveis e fantásticos lugares não cabem mais à ficção. A derradeira década do século XX e as próximas transformaram as invenções verneanas em coisas obsoletas. Como obsoletos transformaram-se os cursos de datilografia tão prestigiados até o início dos anos noventa, no século passado.

Muitos profissionais nesta área são “apanhadores de desperdícios”, para se usar a poesia do terceiro maior poeta brasileiro, Manoel de Barros. Cronistas têm a importância da fauna, do oxigênio em uma cidade, são quão sapos que anunciam chuva no Sertão alagoano sob o luar e as folhas das craibeiras. Se usar, agora, os versos do segundo maior poeta da língua portuguesa, Manuel Bandeira, que se autodenominava poeta menor: “Enfunando os papos, saem da penumbra, aos pulos, os sapos; a luz os deslumbra; em ronco que aterra, berra o sapo-boi: meu pai foi à guerra! Não foi! Foi! Não foi!” Muitas cidades vivem dormindo. Não se acordam ao jornalismo e às suas potencialidades. A notícia, a informação é o que deixa quaisquer cidades um passo adiante das outras. Mas, lamentavelmente, muitas cidades não se acordam para isto, preferem o sono, como o sono descreveu o maior poeta do Brasil, Castro Alves: “Ó sono! Ó noivo pálido das noites perfumosas, que um chão de nebulosas trilhas pela amplidão!”

VOZ DO MUNICÍPIO
A história do jornalismo em Santana do Ipanema-AL teve início com serviço de alto-falantes em pontos estratégicos na sede do município. Era década de cinqüenta, no século passado.

Governava a cidade o prefeito Hélio Cabral Rocha de Vasconcelos, e, sob a coordenação do funcionário Darras Noya, o primeiro serviço de difusão instalou-se em Santana do Ipanema-AL na condição de o primeiro jornal, intitulado Voz do Município. Esta foi, indubitavelmente, a pré-história do jornalismo em Santana, Capital do Feijão em Alagoas. Os jornais alagoanos receberam colaborações dos mais notáveis escritores, dentre os quais, Graciliano Ramos, e toda a Geração de Trinta, Raquel de Queiroz etc.

A palavra jornal, por sua vez, significa diário ou jornada no sentido de o que ocorreu no percurso de um dia; como gazeta, no sentido de publicação noticiosa, (gazzetta: moeda de cobre com a qual se comprava jornal) era a moeda corrente na Itália à época em que se pagava uma gazeta para se obter certa notícia. O caso informativo, por uma série de motivos, sofre influências na sala de edição e no departamento de censura. Se este assunto merece publicidade é publicado, se não há interesse de um grupo, de pessoa ou pessoas, ele vai ou não às páginas da mídia.

RÁDIO CANDEEIRO

Na segunda metade do século XX surge a Rádio Candeeiro. Primeira emissora radiofônica em Santana do Ipanema-AL. Hoje, de todas, são populares três emissoras de rádio: Cidade FM, Milenium FM, Correio do Sertão AM.

Rádio Candeeiro nasceu do idealismo de Adelson Miranda e dos irmãos Bulhões. É à força da rádio difusão quem une o Brasil. A história do jornalismo não se dissocia das emissoras radiofônicas. A Rádio Candeeiro, de pouco fôlego, hoje é peça de museu na memória de Alagoas.

PRIMEIROS CRONISTAS
Breno e Oscar foram dois os primeiros cronistas, filhos de Santana do Ipanema-AL. Quando Oscar Silva editou seu primeiro livro (crônicas) em 1953, intitulado Fruta de Palma, Ed. Caetés, Breno Accioly tinha lançado dois: João Urso (contos), Ed. Epasa, 1944, RJ, e Cogumelos (contos), Ed. A Noite, 1949, RJ. Independente de riqueza e pobreza, o escritor que morre (morre o homem, jamais seu nome) fica encantado; e o sertanejo Guimarães Rosa disto sabia. Tendo sido, portanto, Breno Accioly o primeiro escritor santanense a publicar.

Ambos os cronistas santanenses, Breno e Oscar, cuidavam em sua prosa em ligá-la à cidade de Santana do Ipanema-AL. Eram símbolos sangüíneo e literário. A trajetória de suas infâncias, juventudes e, nem a vida longe de sua terra maternal, cortaram seus vínculos.

Na segunda metade do século XX veio a possibilidade do nascimento de novos cronistas. E eles publicariam suas impressões, na qualidade de jornalistas correspondentes, em grandes jornais da capital alagoana.

PÁGINA DOS MUNICÍPIOS

Dos inúmeros jornais alagoanos, o Jornal de Alagoas defendia a política de ter correspondentes nas principais cidades do Estado, à maneira do jornal Gazeta de Alagoas e ainda outros. Não foram muitos os santanenses que, com carteira assinada (Marcello Ricardo Almeida) foi correspondente do Jornal de Alagoas nos idos de 1980. Assim, como havia sido na década de sessenta o escritor Djalma de Melo Carvalho. Djalma tem o seu primeiro livro publicado em 1977, mesmo ano em que Clerisvaldo B. Chagas publicou também seu primeiro livro.

Aliás, a trajetória do jornalista Marcello Ricardo Almeida (desde os 14 anos) se iniciara como correspondente do Jornal de Alagoas, implantara o Jornal do Sertão, onde ocupou o cargo de superintendente, e contratara a primeira equipe do JS. Depois, fez incursão no radialismo semanal santanense, na rádio Cidade FM, do jornalista Fernando Valões, onde apresentava o programa Santana terra da gente, que criou com Clerisvaldo B. Chagas para divulgar a Academia Interiorana de Letras do Estado de Alagoas (ACADILEA).

JORNAL DO SERTÃO
Muitos jornais nanicos apareceram em Santana do Ipanema-AL até aquela data histórica na qual a cidade passara a ter jornalismo diário. Encarte no maior e mais importante jornal alagoano, o Jornal de Alagoas, dos Diários Associados. Surge o Jornal do Sertão na primeira metade da década de oitenta, no século passado, cuja iniciativa foi do jornalista, poeta e escritor Dr. Marcello Ricardo Almeida. Tinha o saudoso Jornal do Sertão sede no primeiro e segundo andares do imóvel 22, na Rua Benedito Melo, também conhecida Rua Nova. Era uma nova era.

ERA DOS WEBSITES

O advento da Internet é um divisor técnico-histórico. Quando surgiu a semana de Arte Moderna de 1922, muitos se aventuraram na literatura, conforme escrevera Carlos Drummond de Andrade, qualquer um poderia ser; com a Internet todos podem ter seu blogger. Primeiro, os cursos de informática pipocaram em Santana do Ipanema-AL, na década de oitenta, no século XX; em seguida, o idealismo em pôr notícias diárias de Santana do Ipanema-AL na Internet. A Internet é um grande jornal inimaginável há uma década ou um pouco mais antes deste avassalador jornal metademocrático, onde quaisquer pessoas têm o direito de possuir sua página e tecer seus comentários como um direito natural. Esta mesma Internet fez Santana do Ipanema estender seus braços, alargar-se, mostrar-se ao mundo. Suas imagens, sua gente, sua história.

No final dos anos noventa, no mesmo século XX, e princípio do novo milênio, surgem os websites em Santana do Ipanema-AL, liderado por José Malta Neto que cria o www.maltanet.com.br seguido por Fernando Valões com www.sertao24horas.com.br e Valter Filho com www.santanaoxente.com

ESCRITORES
São os escritores quem registram a história da cidade. Santana do Ipanema-AL se privilegia com os escritores – em ordem alfabética – Adeilson Dantas, Antonio Azevedo Filho, Brenno Accioly, Cícera Gomes da Silva, Clerisvaldo B. Chagas, Darci de Melo Araújo,
Djalma de Melo Carvalho, Fábio Soares Campos, Fernando Nepomuceno Filho, Fernando Soares Campos, Fernando Valões, Floro de Araújo Melo, José Cândido da Silva, José Deildo Estevam Soares, José Marques de Melo, José Pereira Monteiro, Manoel Constantino Filho, Maria Aparecida Silva dos Santos, Maria Lúcia Nobre dos Santos, Maria Nazarene Alves Santos, Marcello Ricardo Almeida, Morche Ricardo Almeida, Oscar Silva, Raul Pereira Monteiro, Renalda Martins Silva, Robério Alves Magalhães, Rosinete Vieira Pacífico, Tadeu Rocha, Tobias Medeiros, Valter Alves de Oliveira Filho.

Estes, às suas maneiras, escrevem novas páginas no jornalismo de Santana do Ipanema-AL conforme escreveram os primeiros escritores-cronistas Breno Accioly e Oscar Silva. E depois quando esses escritores não estiverem mais, outros escritores surgirão para a continuidade jornalística dos fatos em Santana do Ipanema-AL.
BOM-DIA, SANTANA DO IPANEMA

A cidade olha-se cidade
De infinitos enigmáticos
Silenciosos barulhentos
Lugares. Move-se cidade
Com vida e seus odores

A cidade é o risco que se arrisca
Bom dia Santana do Ipanema
Hoje o calendário falou seu nome
E ele está marcado como enigma
Esta viagem que a cidade faz
É a viagem ao desconhecido
Com sonoridades e desafios

Você é pensada no pensar
De jardineiro que caminha
A caminho do orquidário

Hoje a data de seu aniversário Santana
Chegou impressa na lembrança de quem a ama
E se fixou no mês de julho feito aniversário
Eu sinto o som e o sentido
Poesia é dizer em palavras
Feliz aniversário Santana.

MARIA DO SOCORRO RICARDO

POEMA AO PAI JOSÉ RICARDO SOBRINHO: http://josericardosobrinho.blogspot.com/
MARIA DO SOCORRO RICARDO

Se crônica, um termo grego de personagem mitológica que devora o tempo (Cronos ou Khrónos), ganha liberdade na inventiva criação de vários escritores e tendo se separado do rigor histórico no século 16 indo ocupar colunas de jornais no século 19, o que fará da crônica uma peça literária serão os argumentos autorais. A narração está para o texto como colunas que sustentam a estrutura dos imóveis. O cotidiano é o espírito da crônica que, apesar de inovações, preserva o espaço, o tempo como principal aliado, a realidade onde o narrador interfere e, principalmente, o conteúdo:
MARIA DO SOCORRO RICARDO
teatro-feijão-com-arroz  método de Marcello Ricardo Almeida